Categoria: criação dos filhos

Entre escuta, angústia e ação: o que os adolescentes estão tentando nos dizer?

Entre escuta, angústia e ação: o que os adolescentes estão tentando nos dizer?

“A angústia é o estado de quem está prestes a escolher.” — Sören Kierkegaard

“Me sinto perdida.”
“Queria me entender melhor.”
“Não sei por onde começar.”

Essas são algumas das mensagens que recebi no direct essa semana. Elas não vieram de adultos maduros, com anos de estrada, mas de adolescentes de 16, 17 anos. Jovens que, em meio a uma avalanche de informações, expectativas e comparações, estão tentando entender não só o mundo, mas principalmente a si mesmos.

E quando um jovem diz “não sei”, o que ele está realmente dizendo é: me escute sem julgar, me ajude a organizar o caos que está aqui dentro.

A liberdade que paralisa

A juventude de hoje carrega um paradoxo: tem mais liberdade do que nunca, mas também mais medo de escolher. Como nos alertava o filósofo dinamarquês Kierkegaard, a liberdade é um presente angustiante — ela nos obriga a escolher sem garantias. Jean-Paul Sartre completaria: somos condenados à liberdade.

O excesso de possibilidades, somado à ausência de escuta real e apoio estruturado, gera um colapso: jovens que têm tudo para escolher, mas se sentem incapazes de agir.

Escutar é diferente de responder

Na prática da mentoria, percebo que os adolescentes não precisam de respostas prontas — eles precisam de espaço para pensar em voz alta. Quando um pai interrompe dizendo “já sei onde isso vai dar” ou um educador conclui “você está sem foco”, sem sequer perguntar o que se passa, fecha-se uma porta.

É aqui que entra a filosofia do cuidado, inspirada por autores como Carol Gilligan e Martin Buber: a relação verdadeira nasce quando eu reconheço o outro como legítimo no seu sentir. O adolescente não é um adulto incompleto — é um sujeito em construção.

Clareza e coragem precisam de método

Se escutar é essencial, estruturar o caminho também é. Ao longo dos anos, fui tecendo uma visão que integra fundamentos da filosofia existencialista, do cuidado e da ética da ação — uma abordagem que gosto de chamar de Filosofia da Arquitetura Humana. Ela parte do princípio de que a autonomia não nasce do acaso: ela se constrói como uma casa bem pensada. Com base sólida (autoconhecimento), paredes fortes (responsabilidade) e janelas abertas (sonhos).

É esse processo que vivencio com cada adolescente que chega até mim: da angústia inicial à clareza de direção, passando pela coragem de assumir sua própria história.

O que os jovens estão dizendo?

Eles estão dizendo que querem ser escutados. Que estão cansados de serem corrigidos antes de serem compreendidos. Que gostariam de ter um plano — mas um plano que faça sentido para quem eles são.

E nós, adultos, precisamos responder com presença, método e sensibilidade.

Para refletir:

– Quando foi a última vez que você escutou seu filho sem tentar corrigi-lo?

– O que você teria feito de forma diferente se alguém tivesse realmente te escutado aos 17?

Se você quiser acompanhar mais reflexões como esta, ou entender como funciona minha mentoria para adolescentes, me chame no Instagram: @verosdunker

Empatia, o talento que se aprende!

Empatia, o talento que se aprende!

empatiaO talento de uma pessoa não é algo que se aprende pois é inato. Normalmente o que se faz é lapidar esse “dom” para que se torne uma habilidade e posteriormente uma competência.

Mas a Empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender as razões do outro, mesmo não concordando, pode ser aprendida.

Diferente de sentir pena, quem tem empatia compreende o porquê das escolhas alheias, é capaz de “ouvir” perguntas que foram apenas pensadas, sabe encontrar as palavras certas e o tom adequado para dizê-las.

A criança pequena pouco sabe separar o que é ela e o que é o mundo à sua volta. Naturalmente sofre com as dores ao seu redor pela simples percepção sensitiva. Porém, dependendo do ambiente em que está inserida, com o passar dos anos, acaba perdendo essa capacidade intuitiva de ver o mundo com os olhos dos outros. Seja pela correria das grandes cidades, seja pela alta demanda de atividades, o fato é que o cotidiano passa a ser superficial, cheio de afazeres, sem tempo de longas conversas em família.

Mas então, como podemos aprender a ter empatia?

Durante um conflito, ao se observar e observar o outro, o indivíduo pode perceber que sentimentos a fala do outro lhe afloram, tentando prestar atenção ao que está sendo dito sem julgamentos.

Esse pequeno ato lhe permitirá identificar o sentimento incômodo e perceber que as palavras mal recebidas não necessariamente são para si. Podem ser uma simples reação do outro que também quer ter suas necessidades reconhecidas.

Então, sem pré-julgamentos, é possível expressar para o interlocutor, seus sentimentos gerados pela forma dele se reportar, e ao mesmo tempo procurar entender dele quais as necessidades não atendidas? E assim, sem barreiras defensivas, exercitando a empatia consigo e com o outro, a comunicação flui para um resultado positivo.

Uma boa comunicação familiar

Uma boa comunicação familiar

comunicação familiar 

A maior parte dos conflitos acontecem por falta de uma boa comunicação. Seja por dificuldades em expressar os sentimentos, seja pela relutância em se colocar no lugar do outro, o fato é que em alguma parte do caminho o contato se perde e a informação fica distorcida ou é interrompida. Nessas horas, as relações se maculam e os dois lados saem machucados.

Entre pais e filhos manter uma boa comunicação é ainda mais importante, uma vez que os pais são referências para os filhos. Se o jovem perde sua referência, ou passa a não acreditar que é ouvido e respeitado pelos pais ou responsáveis, pode envolver-se com más companhias e colocar-se em risco. Já os filhos, se também não se esforçam para ouvir e seus pais, passam a percepção de serem displicentes e intolerantes, acabando por perder a razão e a confiança neles depositada.

Saber ouvir sem julgar, colocar-se no lugar do outro para entender suas necessidades são exercícios diários aos quais pais e filhos devem se habituar.

Conforme o autor de “Comunicação não-violenta” (ROSENBERG, 2006), ter empatia, ou seja, ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, é a chave para a solução dos problemas de comunicação.

Por exemplo, num conflito com seus pais, observar a situação, percebendo os sentimentos que estão aflorando, ajuda a entender que necessidades suas não estão sendo atendidas. Ao identifica-las, é possível então fazer um pedido claro do que você precisa.

O mesmo vale para os pais que ao observar a situação, podem se colocar no lugar do filho e perceber os sentimentos dele, tentando identificar suas necessidades. Dessa forma, é possível então perguntar ao filho sobre suas necessidades (as que achamos que ele tem), dando-lhe a valiosa oportunidade de pensar sobre o que realmente precisa e nos corrigir, caso necessário.

Assim, pais e filhos podem chegar a um consenso em que filhos se sentem felizes por serem ouvidos e acolhidos, e pais sentem-se gratos por estarem mais próximos dos filhos, podendo ajudar-lhes. Quer saber mais? Entre em contato.