Vou começar separando o conceito de “autoritário” e autoridade.
Uma atitude autoritária pressupõe uma imposição sem argumentação. Já quem tem autoridade não precisa impor nada, pois a “obediência” vem pelo franco respeito, adquirido pela confiança. A juventude atual quer ser respeitada enquanto indivíduo, e quando esse respeito é de mão dupla, seja tanto de filho para responsáveis como de responsáveis para os filhos, o jovem se sente ouvido e acolhido nas suas necessidades, tornando a relação pai e filho coesa e genuína. Como consequência, temos um adolescente que cresce seguro, sabendo que tem apoio incondicional.
Porém pais autoritários, muito restritivos, acabam por se distanciar de seus filhos que não sentem confiança em dividir seus problemas ou dúvidas por medo de uma punição ou reprimenda.
Aqui, parto do princípio de que estamos considerando pais mentalmente saudáveis, que amam seus filhos, e buscam o bem deles dentro daquilo que acreditam e das referências familiares e culturais de cada um. O que ocorre é que por trás de um responsável autoritário existe um indivíduo inseguro, com medo de “errar”, com medo de que seu filho “se perca”. Esse pai ou mãe severo(a) acaba por limitar a conduta do filho dentro daquilo que lhe é habitual. Daí se o filho tem outras ideias, outros valores, esses pais tendem a restringir a conduta do filho para eles atuarem no “conhecido”. Isso gera um ciclo de inseguranças, tanto nos pais como nos filhos, que se sentem sem suporte. E aí, de fato esses filhos podem “se perder”.
Esses pais precisam entender que nossos filhos não são extensões da gente. Eles são seres humanos individuais. Claro, criados por nós, segundo os nossos princípios, valores, segundo a nossa cultura familiar. Mas são essencialmente pessoas independentes, que tem gostos independentes, tem pensamentos diferentes, e vontades próprias.
Existe uma linha muito tênue, só que muito importante, entre a insegurança dos pais, quando o filho começa a demonstrar uma atitude, onde seu pensamento não converge com o pensamento do pai ou da mãe, e a orientação de conduta que de fato precisa ser ensinada.
Porque o filho está sendo criado. Então a nossa importância enquanto pais é orientá-los, mas sem impor atitudes preestabelecidas. A imposição gera insegurança neles (o medo de fazer errado, de não ser aceito etc.), só que a imposição é uma insegurança nossa! É um paradoxo que pode ter consequências terríveis quando esse jovem, por exemplo, vai procurar aceitação em amizades insalubres.
Nós pais não precisamos ser autoritários para ter autoridade. Precisamos é ouvir as aflições dos nossos filhos, seus erros ou descuidos sem julgamento, entendendo que eles estão aprendendo e nos aprendizados sim, erramos! Nos atrapalhamos… Nós passamos por isso! Aí, pode ser que você pense: “Ah, mas quando meu pai falava eu baixava a cabeça e obedecia!”.
Sim! Fizemos isso, todos nós. Então te pergunto: se você tivesse a opção de poder contar suas besteiras para seu pai, sem receios, sabendo que ele te ajudaria a entender a situação, a enxergar onde você errou, e a pensar em soluções, qual das atitudes você iria preferir que ele tivesse?